Como fazer uma criança feliz?
A SBP e o Instituto Datafolha ouviram 1.525 crianças brasileiras, de 4 a 10 anos, de todas as classes econômicas, em 131 municípios. O trabalho foi realizado com base no instrumento de avaliação de qualidade de vida AUQEI e o desenho amostral elaborado com base no Censo de 2010 (IBGE). A pesquisa sobre estados emocionais foi quantitativa, com abordagem domiciliar. Teve como objetivo conhecer mais profundamente os desejos e necessidades dos pacientes pediátricos, para que seu médico possa, cada vez melhor, orientar as famílias nas consultas.
As crianças responderam a uma questão aberta: “O que mais gosta de fazer quando não está na escola?”. Além disso, foram propostas 26 situações, para que utilizando uma escala visual de cinco pontos (cartão “de carinhas”), manifestassem seu estado de alegria ou tristeza perante cada uma. A criança respondeu na presença do responsável, após sua autorização.
O que sentem? Do que gostam?
O que deixa a criança “muito alegre” e “alegre” é o dia do seu aniversário (96% das respostas), praticar esporte (94%), brincar com os amigos (92%), as férias escolares (91%), assistir TV (90%). A situação na qual se sente “muito triste” e “triste” (71%) é ficar longe da família.
Mas, independentemente da natureza, os primeiros lugares ficaram com jogar bola (33%), brincar de boneca/boneco (28%) e assistir TV (26%). Andar de bicicleta veio a seguir, com 19%. O pega-pega ficou 17%. Empataram, com 14% das preferências, o esconde-esconde, brincar de carrinho e vídeo game. Na sequência, então brincar de casinha (10%) e no computador (9%). Apareceram também soltar pipa e desenhar/pintar (6%), pular corda (5%), brincar de corrida, com brinquedos (sem especificar qual), animal de estimação e estudar (4%).
Dicas da SBP para as famílias
O principal é o carinho.
- O que faz a criança feliz não é o brinquedo, é brincar, é conviver com a família e amigos. Os pequenos não são consumistas.
O núcleo familiar proporciona sensações alegres e prazerosas
- Fica clara a grande importância dada pelas crianças ao convívio tão decisivo para o seu desenvolvimento emocional e cognitivo, não apenas com a família nuclear, mas também a “estendida”.
- 87% dos entrevistados se definem como “alegres” ou “muito alegres” quando estão com os avós, na mesa com a família e quando pensam na mãe.
- 83% se dizem também “alegres” ou “muito alegres” quando brincam com os irmãos e 78% quando pensam nos pais. Criança gosta de criança. Até, por isso, fica tão feliz no aniversário.
- 47% dos entrevistados informaram que ficam “tristes” ou “muito tristes” quando brincam sozinhos. A convivência deve ser incentivada.
As brincadeiras tradicionais trazem mais alegria.
- Apesar da forte presença da TV e dos eletrônicos em geral (o computador é importante principalmente entre os mais velhos), ainda existe o Brasil das brincadeiras tradicionais, e estas ainda trazem mais alegria do que as propostas mais atuais de diversão/lazer. É importante incentivá-las.
- Brincadeiras de rua, apesar de limitações impostas pela violência urbana, e mesmo que não praticadas, estão em primeiro lugar no desejo das crianças.
TV, computador e falta de outras opções.
- Em geral, a criança se volta para o brinquedo eletrônico quando está sozinha. Mas se for oferecida uma alternativa, prefere.
- Os eletrônicos entram na vida da criança muito cedo e ganham espaço excessivo quando faltam alternativas. Os pequenos acabam se acostumando, adquirindo hábito.
- É preciso oferecer outras experiências, criar mecanismos para que possam fazer atividades apropriadas à faixa etária.
- É muito importante que as crianças, desde pequenas, sejam incentivadas à pratica esportiva e a outros hábitos.
- Atividades individuais são um pouco mais comuns (85%) que as sociais (74%) – Mas essas devem também ser incentivadas, pois criam sentido de sociedade, compartilhamento, ganhar e perder, respeitar, características importantes, que surgem para as pessoas no seu crescimento e desenvolvimento por meio das brincadeiras.
- As crianças brasileiras têm uma imagem de si mesmas atual e futura muito boa e com confiança.
- A maioria fica alegre quando vê uma fotógrafa sua (86%) e quando se imagina adulta (87%).
O futuro é bem-vindo.
1.87% dos entrevistados ficam “alegres” ou “muito” quando pensam em si mesmos como pessoas grandes. A situação foi proposta para os que têm entre 6 e 10 anos.
“O trabalho foi realizado com base no instrumento de avaliação de qualidade de vida AUQEI e o desenho amostral elaborado com base no Censo de 2010. (IBGE). A pesquisa sobre estados emocionais foi quantitativa, com abordagem domiciliar.”
Fonte: SBP – www.conversandocomopediatra.com.br.
- Matéria retirado da revista Materlife, Janeiro de 2019. Edição 169.