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A hidratação é a base do tratamento da Dermatite Atópica

Dermatite atópica é uma doença inflamatória da pele, de caráter crônico e redicivantes. É caracterizada pela presença de coceira de grande intensidade e lesão de pele que se iniciam na maioria dos casos ainda na primeira infância.

Frequentemente observamos correlação da dermatite atópica com outras condições atópicas como a asma e a rinite alérgica. Mais da metade dos pacientes com dermatite atópica desenvolvem as manifestações clinicas no primeiro ano de vida. Entre os fatores de risco para a doença, os principais são fatores hereditários, imunológicos e ambientais.

Fatores hereditários: História familiar, principalmente de pais e irmãos com atopia, confere um importante fator de risco para o desenvolvimento de dermatite atópica.

Fatores imunológicos: É bastante comum a associação de dermatite atópica com outras doenças alérgicas.

Fatores ambientais: alguns trabalhos apontam uma maior incidência de dermatite atópica em famílias urbanas que apresentam menor contato com determinados vírus e bactérias que estimulam setores específicos do sistema imunológico contribuindo para menor intensidade de resposta alérgica.

É comum a associação de alergia respiratória como rinite e asma com a dermatite atópica.

A etiopatogenia da dermatite atópica não está totalmente esclarecida e tem sido demonstrada uma inter-relação complexa envolvendo fatores genéticos, imunitários, ambientais, psicossomáticos, farmacológicos e alteração da própria estrutura da pele.

A dermatite atópica apresenta como principais distúrbios a resposta imunológica e a disfunção da barreira cutânea. A inter-relação entre estes distúrbios provocam um círculo vicioso. A alteração na barreira cutânea promove perda do controle de permeabilidade e deste modo passa a sofrer consequências de agressões físicas, químicas e biológicas como o aumento da permeabilidade a alérgenos e irritantes que vão desencadear muita coceira e escarificação piorando este processo.

Entre os fatores desencadeantes podemos destacar os agentes infecciosos, alérgenos, aero-alérgenos, auto-antígenos e fatores neuro-psico-imunologicos. O paciente com dermatite atópica apresenta pele mais suscetível à infecção por micro-organismos como bactérias, fungos e vírus.

O quadro clínico pode se apresentar leve e localizada até as formas mais graves e disseminadas.

Na lesão clássica ocorre produção do eczema, ou seja, uma inflamação da derme e epiderme, que corresponde às camadas superficial e intermediária da pele. Entre os sinais e sintomas estão a coceira, a vermelhidão e a presença de lesões como pápulas, vesículas e crostas. As características do quadro clínico diferenciam-se de acordo com a faixa etária.

Fase Infantil: Costuma ter início após o terceiro mês de vida e é caracterizada pela presença de lesões em face, face extensora dos membros e ocasionalmente do troco.

Fase Pré-Puberal: A presença de lesões ocorre predominantemente nas dobras do cotovelo e joelho, pescoço, pulso e tornozelo. Nesta fase pouco mais da metade dos pacientes evoluem com melhora ou até desaparecimento total das lesões.

Fase Adulta: Casos de vermelhidão na pele ou lesão generalizada são raros nesta fase. Comumente encontramos lesões liquenificadas, ou seja, alteração da espessura da pele ficando grossa e rígida. Estas lesões são encontradas principalmente nas regiões de flexura de joelho e cotovelo. A fase adulta é mais comum naquelas crianças que apresentaram formas mais graves da doença.

Frequentemente encontramos alterações dermatológicas em portadores de dermatite atópica. Entre estas alterações estão: pele seca, manchas esbranquiçadas na pele, descamação na planta dos pés, presença de acentuação nas linhas de palma das mãos e planta dos pés, escurecimento no contorno dos olhos e palidez da face.

O diagnóstico da dermatite atópica é baseado na história e nas manifestações clínicas. Diversos são os critérios clínicos para realização do diagnóstico sendo a coceira o principal deles seguido de pele seca, história familiar da alergia respiratória, lesão em dobras, aparecimento das lesões antes dos 2 anos de idade entre outros.

A avaliação laboratorial pode ser útil para identificar o agente provocador da dermatite propiciando um melhor plano terapêutico além das orientações para prevenção.

O tratamento é baseado na hidratação, controle da inflamação, controle da coceira e na eliminação dos fatores desencadeantes.

A hidratação é fundamental por promover estabilização da barreira cutânea. Recomenda-se o uso de cremes emolientes sem álcool e fragrâncias principalmente após o banho com o corpo ainda úmido. É recomendado banhos rápidos e mornos além de evitar outros fatores que podem ressecar a pele como o uso de sabonete com fragrância e corante, ar condicionado, piscina com água clorada e produtos químicos.

“Diversos são os critérios clínicos para a realização do diagnóstico sendo a coceira o principal deles seguido de pele seca, história familiar de alergia respiratória, lesão em dobras, aparecimento das lesões antes dos 2 anos de idade entre outros.”

O controle de inflamação é baseado no uso de medicamentos a base de corticosteroide e imunomoduladores tópicos e o controle da coceira com medicações anti-histaminicas. Promover a eliminação dos fatores desencadeantes é fundamental para um bom controle da dermatite atópica e engloba o controle de agentes irritantes, agentes infecciosos, aero-alérgenos e alergenos alimentares.

Dra. Vanessa Radonsky. CRM 108111. Pediatra e endocrinologista pediátrica.

Matéria retirada da revista Materlife, Fevereiro de 2019. Edição 170.